sábado, 18 de junho de 2011

Análise: Alfabetização e Letramento


           Durante muito tempo a alfabetização infantil foi vista única e exclusivamente como a aprendizagem de um processo de reconhecimento sonoro entre grafemas e fonemas, fazendo uso da discriminação visual e auditiva, de forma mecânica, motora e sensorial, desconsiderando radicalmente o conhecimento linguístico que a criança trazia para a realização das tarefas, no meio escolar. 

       Contudo, a lei nº 11.274/06 sancionou a obrigatoriedade do ensino fundamental de nove anos, e estabeleceu a matrícula de crianças aos seis anos de idade, no primeiro ano fundamental. Tal mudança ampliou os anos iniciais, de quatro para cinco, e visou, qualitativamente, um maior tempo para a apropriação de estudos próprios desta fase, enfatizando em dois anos o processo de alfabetização e letramento, a fim de proporcionar a erradicação da formação de analfabetos funcionais na nossa sociedade. 

        No entanto, mesmo com a modificação do processo de alfabetização, de um para dois anos, ainda encontramos no município de Pelotas muitos professores totalmente despreparados para abordagem desta nova forma de aquisição da leitura e da escrita para a criança, em sala de aula. Atualmente tal processo se dá de forma contínua, e não necessita ser consolidado apenas no primeiro ano de escolarização. Mas poucos dos antigos professores de 1ª série atualizaram seus métodos, o que gera uma sucessiva utilização de atividades inadequadas e impróprias neste período. As crianças passaram a ingressar no ensino fundamental mais cedo – o que reduziu o tempo antes disponibilizado exclusivamente ao lazer e ao brincar - e muitas apresentam um acesso restrito ao mundo letrado, por originarem de famílias que tiveram pouco acesso a educação. A eficiência do ensino, sob este ponto de vista, se encontra na adaptação do professor com esta nova realidade, colocando o aluno em contato constante com formas de comunicação escrita e desenvolvendo de forma lúdica o pensamento e a elaboração da concepção do processo de alfabetização e letramento. 

        Precisamos de professores capacitados para assumir este compromisso. Apenas ampliar o ensino fundamental para nove anos, não melhora a alfabetização infantil. É preciso que os docentes estejam preparados e conscientes do trabalho que precisam realizar nestes primeiros anos. E o município de Pelotas se dispõe a oferecer gratuitamente cursos de alfabetização e letramento para os professores da rede. No entanto pode-se contabilizar o número de inscritos durante os encontros presenciais. A busca pela capacitação ainda é baixa, mesmo quando não requer investimento financeiro. Exigir um salário digno e um reconhecimento profissional é algo extremamente justo. Contudo, em contrapartida, deve-se também buscar melhorar sua metodologia e sua prática cotidiana e sempre, em meio à alunos que se encontram tão carentes de conteúdos, valores, e de professores comprometidos com o que fazem.

Texto publicado no Diário Popular em 11 de Junho de 2011.

Despedidas


Seria diferente se você soubesse que aquela era a última vez?

domingo, 17 de abril de 2011

Banalização da vida


             Nota: As pessoas se escandalizam com coisas mínimas mas são indiferentes com a banalização da vida.

sábado, 16 de abril de 2011

Valores humanos

          
           A nova civilização que virá, será sustentada por três pilastras:
                                             cuidado, sustentabilidade e espiritualidade (valores humanos) 
                                                                                                   ou não virá.
                                                                                                                                    
                                                                                                                   Leonardo Boff

domingo, 10 de abril de 2011

Baby to Johnny

Bom gosto

      "Sabe, independente da época 
em que foi gravada, música boa
 não tem prazo de validade."

       É. Sinto pena desta nova geração. Apesar de já nascerem mergulhados em novas tecnologias, nem imaginam - e, muitos, tão pouco interessam-se - em conhecer as riquezas da antiguidade. Tem tanta coisa que está sendo esquecida. Como músicas, por exemplo. O repertório que temos atualmente não merece nem ao menos ser comparado com o antigo. Não é exagero. Vez ou outra ainda encontro algumas músicas boas sim. Mas escute Kenny Rogers seguido de Lady Gaga, só pra ter uma ideia. Ainda acha que ela merece todos os prêmios de destaque que recebeu? Bom se você nasceu posterior a década de 90, achará que sim, e mais, terá plena certeza de que eu tenho uns 40 anos. Pois bem, engana-se profundamente. Também nasci na década de 90. Mas fiz e faço parte de um pequeno grupo, selecionado a dedo, que mesmo nascido naquela época, veio para este mundo com muito bom gosto. E que se decepciona a cada dia, ao ver jovens e adolescentes idolatrando grupos que se designam novos roqueiros, ou novos sertanejos, revolucionando, o mundo musical. Pra pior, é claro. 

         Pense agora nos filmes clássicos. E nos musicais. Assisti dia destes, mais uma vez, ao filme Dirty Dancing (1987), que reuniu uns dos melhores elencos e a uma das melhores trilhas sonoras que eu já ouvi. Sem desmerecer o mundo cinematográfico atual, filmes como este é que me encantam, afinal conseguiam prender o público pelo enredo e não pelos efeitos especiais. E o que falar dos videoclipes então? Violência, nudez, vocabulário obsceno.. Aliás muita gente por aí, canta músicas estrangeiras sem nem ao menos saber do que se trata. Basta o ritmo valer a pena, que a letra já cai nas graças do povo. Tudo isso me impressiona diariamente. E me assusta ao saber que com o tempo, tende a ser pior. O bom gosto das pessoas, definitivamente, está em extinção. E eu acredito piamente que talvez seja muito mais certeiro afirmar que nasci no século errado, do que esperar que daqui há alguns anos o mundo acorde e coloque, mais uma vez, em sua trilha sonora, as belas músicas do passado.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Respeito é bom, eu gosto e...


            
           Respeito, bela palavra. É realmente uma pena que, de modo geral, não seja praticado tanto quanto deveria.
            Mas o que é respeito?
            Do latim respectu, respeito significa apreço, atenção, consideração. E, cá entre nós, não é o que mais temos visto por aí.
           Respeitar não é dar uma aula de qualquer jeito para os seus alunos. Não é usar as coisas dos outros sem pedir permissão. E, definitivamente, NÃO é escutar aquele forró no seu celular, no ônibus e sem usar fones de ouvido. A partir desses conceitos, fica fácil definir o que é desrespeito, não?
          Respeitar é escutar os outros sem deixar passar sua vez de falar. Respeito é cuidado, é bom senso. Mais que isso, deve-se respeitar a todos e a si mesmo.

                                                                                                        Monalisa R. Pereira

terça-feira, 5 de abril de 2011

Quanto a ações

                      E se suas ações contradizem suas palavras, eu nunca
                                                                                          vou acreditar em você. 
                                                                                                                  House

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Urgências


            Enquanto a manhã dispara e o telefone toca e a campainha soa e as crianças precisam sair para a escola e o relógio de ponto ou qualquer coisa assim – incluindo os outros, sobretudo os outros – não esperam. Nada espera, ninguém.
E só vamos em frente porque começam a acontecer as urgências.
                                                                                                       Caio F. Abreu 

domingo, 3 de abril de 2011

Feito cães e gatos

Coisas bonitas

"E foi então 
que vieram dias de tantas coisas 
diferentes dos outros dias 
que ela conteve a respiração."

      Semana passada a rotina alterou. Não haviam mais manhãs disponíveis, nem espaço vago para pensamentos irrelevantes. A vida parece que decidiu, de uma hora pra outra, dar um giro de 360º, trazendo pro cotidiano situações que antes se restringiam apenas a uma realidade abstrata. Mas sabe, às vezes é preciso aprender a lidar com o inesperado. Sem criar expectativa, é claro. Afinal, expectativa só gera decepção. E nos últimos anos aprendi a deixar-me por surpreender-me do que de decepcionar-me. (...)

Abril, 02 - 06:45. Despertador em ação. Quem é que não acorda, no mínimo, atordoado quando se esquece de colocar o volume de um despertador em um nível pouco nocivo a audição? Ainda mais no sábado, quando não é todo mundo da casa que precisa madrugar. Se bem que não era o caso dela. Precisava pular da cama, e precisava ser rápida. Não havia conseguido ninguém que fornecesse o horário dos transportes coletivos locais nos finais de semana. Embora esta tenha sido a rotina da semana, sábado ela sabia que seria diferente. Então, enquanto o aroma do café se espalhava pelo resto da casa, ela tratou de reunir as coisas. Celular e jornal eram indispensáveis. O dia já havia nascido, mas o sol estava escondido entre as nuvens. Por que raios havia de ter perdido a previsão do tempo? Será que choveria? Tratou de se apressar. E sair. (...)


            Já a caminho, abriu o jornal local. Folha por folha até localizar o inesperado. Bom. Não é por acaso que as coisas acontecem. Ela sempre soube disso. E sabia que embora talvez não parecesse, aquela era a hora certa para aquilo acontecer.


Pois sim, às vezes, no meio da cidade, a vida apronta algumas destas coisas bonitas.

segunda-feira, 28 de março de 2011

Sete vezes, que é pra dar sorte

Uma palavra chave..

                                                                                                         
                                                   Acreditar.

domingo, 27 de março de 2011

Sobre relacionamentos


"Sejam quais forem os relacionamentos que você atraiu para dentro de sua vida, numa determinada época, eles são os relacionamentos de que você precisava naquele momento"
Deepak Chopra

Mas você, vai ser professor?

           Desde que iniciei minha carreira na área educacional, escuto pessoas, não raramente, me colocando tal questionamento. Certa vez, recebi também, uma pergunta anônima em uma rede social, me questionando o porque de eu "desperdiçar" tanta capacidade intelectual em uma área que não vai me dar um bom retorno -  veja bem, leia-se remuneração salarial. Normalmente conversas assim vem de amigos (as), que ainda nem se colocaram no mercado de trabalho, e pouca esperança tem de ingressar em uma universidade pública. Mas o que me impressiona mesmo, é que já ouvi colocações semelhantes advindas de colegas de profissão. Professores que fazem contagem regressiva para a tão sonhada aposentadoria, e abandono de regência de classe. Pois olha, uma coisa é certa: pra ser educador, é preciso gostar. E muito. É uma das poucas profissões, em que se precisa doar-se de corpo e alma. Pelo menos durante o turno letivo, em sala de aula. Sendo assim, é natural que seja cansativo. Mas eu, pelo menos, não consegui encontrar nada mais recompensador do que assistir a evolução minuciosa a cada dia, de um pequeno, que deposita toda a confiança na nossa mão. Que coloca cada palavra ouvida, como lei, chegando a muitas vezes debater com a própria familia, alegando que a professora falou que não era assim. Que quando se machuca, ou sente dor, acredita que vai passar, apenas porque a professora falou que já já curava. Tem coisa mais simples e mais encantadora que isto? É por isso, que eu não trocaria o que eu faço hoje, por nada neste mundo! E desejo, que sejam muito bem vindos os professores do futuro, que de fato acreditam nas palavras ditas acima.  E  desejo também que a interrogação colocada como título continue a ser usada. Mas proponho o seu uso em um novo contexto, pois perguntas deste gênero só cabem, ao se encontrar profissionais que de nada acrescentam a educação, e que apenas anseiam a estabilidade de ocupar um cargo público, depositando conteúdos em alunos, como no século passado.