domingo, 27 de março de 2011

Mas você, vai ser professor?

           Desde que iniciei minha carreira na área educacional, escuto pessoas, não raramente, me colocando tal questionamento. Certa vez, recebi também, uma pergunta anônima em uma rede social, me questionando o porque de eu "desperdiçar" tanta capacidade intelectual em uma área que não vai me dar um bom retorno -  veja bem, leia-se remuneração salarial. Normalmente conversas assim vem de amigos (as), que ainda nem se colocaram no mercado de trabalho, e pouca esperança tem de ingressar em uma universidade pública. Mas o que me impressiona mesmo, é que já ouvi colocações semelhantes advindas de colegas de profissão. Professores que fazem contagem regressiva para a tão sonhada aposentadoria, e abandono de regência de classe. Pois olha, uma coisa é certa: pra ser educador, é preciso gostar. E muito. É uma das poucas profissões, em que se precisa doar-se de corpo e alma. Pelo menos durante o turno letivo, em sala de aula. Sendo assim, é natural que seja cansativo. Mas eu, pelo menos, não consegui encontrar nada mais recompensador do que assistir a evolução minuciosa a cada dia, de um pequeno, que deposita toda a confiança na nossa mão. Que coloca cada palavra ouvida, como lei, chegando a muitas vezes debater com a própria familia, alegando que a professora falou que não era assim. Que quando se machuca, ou sente dor, acredita que vai passar, apenas porque a professora falou que já já curava. Tem coisa mais simples e mais encantadora que isto? É por isso, que eu não trocaria o que eu faço hoje, por nada neste mundo! E desejo, que sejam muito bem vindos os professores do futuro, que de fato acreditam nas palavras ditas acima.  E  desejo também que a interrogação colocada como título continue a ser usada. Mas proponho o seu uso em um novo contexto, pois perguntas deste gênero só cabem, ao se encontrar profissionais que de nada acrescentam a educação, e que apenas anseiam a estabilidade de ocupar um cargo público, depositando conteúdos em alunos, como no século passado. 

Um comentário:

  1. Gabriele! Lindo texto. Sempre penso nisso, e vejo que a carreira docente não é sacrifício, afinal de contas. É amor. Saudades!

    ResponderExcluir