Desde que iniciei minha carreira na área educacional, escuto pessoas, não raramente, me colocando tal questionamento. Certa vez, recebi também, uma pergunta anônima em uma rede social, me questionando o porque de eu "desperdiçar" tanta capacidade intelectual em uma área que não vai me dar um bom retorno - veja bem, leia-se remuneração salarial. Normalmente conversas assim vem de amigos (as), que ainda nem se colocaram no mercado de trabalho, e pouca esperança tem de ingressar em uma universidade pública. Mas o que me impressiona mesmo, é que já ouvi colocações semelhantes advindas de colegas de profissão. Professores que fazem contagem regressiva para a tão sonhada aposentadoria, e abandono de regência de classe. Pois olha, uma coisa é certa: pra ser educador, é preciso gostar. E muito. É uma das poucas profissões, em que se precisa doar-se de corpo e alma. Pelo menos durante o turno letivo, em sala de aula. Sendo assim, é natural que seja cansativo. Mas eu, pelo menos, não consegui encontrar nada mais recompensador do que assistir a evolução minuciosa a cada dia, de um pequeno, que deposita toda a confiança na nossa mão. Que coloca cada palavra ouvida, como lei, chegando a muitas vezes debater com a própria familia, alegando que a professora falou que não era assim. Que quando se machuca, ou sente dor, acredita que vai passar, apenas porque a professora falou que já já curava. Tem coisa mais simples e mais encantadora que isto? É por isso, que eu não trocaria o que eu faço hoje, por nada neste mundo! E desejo, que sejam muito bem vindos os professores do futuro, que de fato acreditam nas palavras ditas acima. E desejo também que a interrogação colocada como título continue a ser usada. Mas proponho o seu uso em um novo contexto, pois perguntas deste gênero só cabem, ao se encontrar profissionais que de nada acrescentam a educação, e que apenas anseiam a estabilidade de ocupar um cargo público, depositando conteúdos em alunos, como no século passado.
Gabriele! Lindo texto. Sempre penso nisso, e vejo que a carreira docente não é sacrifício, afinal de contas. É amor. Saudades!
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